Portanto seres pensantes questionam e muito! Como os nossos irmãos de Beréia. Seria isso apavorante? Não, nem um pouco. Penso...logo existo! Para Descartes pensar é sinal de existência, no evangelho de hoje, quem pensa não consegue subsistir. "Penso, logo existo" (Descartes) "Não pense, faça o que eu digo" (Alto Clero Evangélico)

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

O Evangelho é Jesus Cristo (1)


Talvez o título desta postagem seja um lugar-comum. Porém, o que me leva a escrevê-la é fruto da minha experiência, primeiro como líder leigo, depois como pastor e professor de classes bíblicas. E o que quero dizer com isso?

Há centenas de milhares de denominações cristãs no mundo de hoje. Há algumas, inclusive, que são igrejas denominacionais, mas não querem assumir essa pecha. Mas o que é uma denominação? Uma denominação é um conjunto de elementos que se agregam para aglutinar igrejas locais sob suas características. Há uma organização formal, mais ou menos complexa, mas há. Há uma hierarquia, um corpo governante maior que pode até afirmar que não domina, mas na prática o faz. Há um corpo doutrinário, representado por uma Confissão de Fé, uma prática litúrgica mais ou menos constante, há um “igrejês”, um vocabulário mais ou menos comum, há um sectarismo mais ou menos evidente (uso a expressão “mais ou menos” para designar práticas usadas em maior ou menor escala).

O que se propaga na vasta maioria é o denominacionalismo, não o Evangelho. Quando um grupo de irmãos começa a se reunir regularmente, a pesada estrutura denominacional absorve aquele grupo e o resultado é catastrófico: sempre se prega mais a denominação e menos o Evangelho.

Sinceramente, não acredito que consigamos ter igrejas locais sem uma estrutura mínima, afinal, mesmo a igreja-modelo, chamada de Igreja Primitiva, a Igreja de Atos e das Epístolas, apresenta uma estrutura que vai se formando à medida que o Cristianismo vai crescendo e tomando uma feição diferenciada do Judaísmo. Em Atos 2:42-47, percebe-se já uma estrutura mínima, marcada pela doutrina dos apóstolos, pela vida comunitária, pela prática do partir do pão (Eucaristia) e pelas orações, o que já nos dá uma ideia de como era a vida cúltica daquelas comunidades. Havia entre eles uma camaradagem tal que ninguém passava necessidades. Sua comunhão era expressa, principalmente, numa vida de simplicidade e amor de uns pelos outros.

Porém, foi necessária uma organização mais definida. Em Atos 6, houve a diferenciação do ofício diaconal e do presbiteral: aquele ficaria com a responsabilidade do atendimento das necessidades materiais e este, cuidaria do ministério da pregação e das orações, embora pareça que as funções de pregação fossem também prerrogativas dos diáconos, como atestado por Estevão e Felipe, nos capítulos 7 e 8. Vê-se, depois, que querelas comuns entre as counidades foram levadas a um Concílio em Jerusalém, como vemos em Atos 15. Ali reuniram-se os apóstolos e os presbíteros para examinar a questão da necessidade ou não da circuncisão para ser cristão, e cuja decisão foi reconhecida como obra do Espírito Santo. Portanto, quando um grupo de cristãos se reúne com regularidade, há a necessidade clara de organização.

Mas o que me deixa preocupado é que na maior parte das vezes se valoriza mais a estrutura do que as pessoas. Parece que Igreja é uma organização, não um organismo vivo, o Corpo de Cristo.

Minha reflexão aqui nesta página é para levar os líderes cristãos a redescobrirem os tesouros esquecidos por nosso denominacionalismo. Precisamos reencontrar os rumos perdidos e voltarmos a ser um MOVIMENTO, não um monumento. Sempre disse em minhas pregações que a maior necessidade da Igreja de hoje é Avivamento. E para que haja um verdadeiro avivamento, é preciso que reencontremos o foco da fé cristã, muitas vezes abafado por questões secundárias ou periféricas. A Bíblia é clara quanto a esses conceitos e valores. Não vou falar aqui nada de novo, nada que grandes e valorosos pastores do passado e do presente não tenham dito. Mas precisamos, com oração e com estudo consciente das Escrituras, buscarmos o caminho do arrependimento para que o Cristianismo, hoje, seja revigorado.

Na Europa, berço do Cristianismo, ele está moribundo. E o que fez isso com ele foi a conjunção do secularismo e do academicismo, que abandonaram a fé e transformaram o Cristianismo numa mera referência histórica no Ocidente. E, no Brasil, corremos o mesmo risco.

Não quero que o leitor amigo pense que sou contra a educação formal e ao estudo da Teologia e de suas ferramentas como a História, a Filosofia, a Psicologia ou a Sociologia, ao contrário! Acredito que o pastor deve ser alguém versado em Teologia e nas Humanidades em geral, porém, as ferramentas não podem tomar o lugar da obra de arte: o cinzel não pode ser mais importante que a escultura, ou o pincel mais importante que a pintura.

Precisamos de uma geração de teólogos que não seja academicista, mas composta de pastores de almas, que cuidem das pessoas que Deus lhes atribui como rebanho. O grande problema é que nossos seminários e faculdades de teologia estão cheios de gente vazia. A ênfase na conversão, na santidade de vida, na oração e no estudo diligente das Escrituras anda fora de moda. E, sinceramente, um pastorado de sucesso depende de velhas fórmulas, não de eventos, técnicas ou modismos que mais mal fazem ao Evangelho do que bem. Um pastorado eficiente é formado por três fundamentos: (1) UMA VIDA DE COMUNHÃO COM DEUS, o qual deve ser o assunto e o maior anseio do pastor. Ele deve orar e ler as escrituras com zelo, com fome, a fim de se fortalecer e encontrar ânimo para o seu ministério; (2) UM BOM SERMÃO DOMINICAL, preparado, estudado, estruturado, preferencialmente expositivo e que dê ao povo o sustento e o vigor para caminhada; e (3) UMA ROTINA DE VISITAÇÃO, afinal, o pastor deve conhecer bem o seu rebanho e as suas necessidades.

Não são, desta forma, fórmulas mágicas ou programas que custem uma fortuna material, mas meios que demandam um coração cheio do amor por Jesus Cristo, pela Igreja e pelos perdidos.

Há muito que deixamos de lado os marcos antigos (Pr 22:28) e procuramos outros caminhos, os nossos, que insistem em alargar a porta estreita e o caminho apertado (Mt 7:13,14). Oro a Deus que cada pastor, cada líder, cada irmão, que ler essa série, seja tocado a redescobrir a essência do Evangelho.


(CONTINUA...)

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