Portanto seres pensantes questionam e muito! Como os nossos irmãos de Beréia. Seria isso apavorante? Não, nem um pouco. Penso...logo existo! Para Descartes pensar é sinal de existência, no evangelho de hoje, quem pensa não consegue subsistir. "Penso, logo existo" (Descartes) "Não pense, faça o que eu digo" (Alto Clero Evangélico)

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Jesus nunca foi evangélico

Era só o que faltava! Na tentativa de defender a herança deixada por Lutero, Zwinglio e Calvino, já surgiu quem afirme (acredite se quiser) que “Jesus era evangélico”. Isso mesmo! E não somente ele, mas também os apóstolos – como se o termo evangélico, que hoje está denegrido, fosse inventado por eles.

Tamanha incoerência foi publicada no blog de um famoso jornalista e escritor, que se diz cristão. Segundo o autor do texto, somente os “apóstatas” já abandonaram o termo evangélico. E acrescenta: “Não fujamos como covardes. Fiquemos e defendamos o que é nosso por herança espiritual. Somos sim evangélicos, como Jesus o foi...”

Mas o problema é que Jesus não foi evangélico. Nunca foi e jamais seria! Afirmar o contrário não somente é uma mentira, mas também um absurdo. Digo isso não apenas por causa desse termo, que só começou a ser usado há poucos séculos atrás, após a reforma protestante. Mas, digo isso, principalmente, porque a prática evangélica, desde sua origem, é muitíssimo parecida com a prática religiosa que o próprio Jesus combatia em seus dias.

Se você duvida, vejamos como são os evangélicos, em sua maioria (sejam eles reformados, renovados, pentecostais, ou neo-pentecostais) e perceba como se parecem com aqueles contra os quais Jesus redarguia.

Assim como os oponentes de Cristo, a maioria dos evangélicos:

- Amam os primeiros assentos nas igrejas, sobretudo os do altar;

- Fazem questão de ser chamados por seus títulos;

- Procuram vestir-se com suntuosidade, ao invés de simplicidade (algumas igrejas evangélicas mais parecem um desfile de moda);

- Pregam o amor, o perdão e a humildade que não vivem;

- Acrescentam doutrinas de homens ao puro e simples ensino de Cristo;

- Fazem propaganda de suas raras boas obras (aliás, raríssimas boas obras);

- Gostam (muito) de receber aplauso dos homens;

- Lutam por conquistar autoridade sobre os demais, para depois tratá-los como subalternos.

- Preferem investir tempo e dinheiro em seus templos, a investir tempo e dinheiro para socorrer irmãos necessitados.

- Amam as tradições mais do que a própria verdade.

Essa lista não é exaustiva. Mas ela nos basta para lembrar o quanto essa religiosidade evangélica, em todas as suas instâncias, se parece (e muito) com a mesma religiosidade hipócrita que Jesus abominava em seus dias sobre a terra. E o pior é que os evangélicos nada fazem para mudar! E quando alguém tenta voltar ao genuíno evangelho - da verdade, da igualdade e da simplicidade - logo é chamado de apóstata.

Sendo assim, como pode alguém pensar que Jesus faria parte desse cristianismo hipócrita que inventamos?

Mas, suponhamos que Jesus tentasse fazer parte do arraial evangélico. Caso isso ocorresse, não demoraria muito e ele seria excluído de qualquer denominação a que tentasse ser membro. E mais: os próprios evangélicos o recrucificariam! Por quê? Ora, porque a massa evangélica não tolera alguém que não se enquadre no sistema, mas que tenha coragem para denunciar abertamente suas hipocrisias. Assim como aqueles fariseus e saduceus, que não quiseram tolerar Jesus, a ponto de se unirem para o crucificar.

Portanto, lamento dizer, mas Jesus não seria evangélico. Ele está muito acima do cristianismo que inventamos. Basta uma simples releitura do Novo Testamento para se enxergar isso. Lutero, Zwinglio e Calvino que me perdoem, mas a reforma que eles fizeram não foi completa. Porque faltou a principal reforma: a reforma do coração.

“Bem profetizou Isaías a respeito de vós, hipócritas, como está escrito: Este povo honra-me com os lábios, mas o seu coração está longe de mim.”
(Jesus Cristo – Mc 7:6)

sábado, 21 de abril de 2012

A verdadeira história de São Jorge


Em torno do século III D.C., quando Diocleciano era imperador de Roma, havia nos domínios do seu vasto Império um jovem soldado chamado Jorge de Anicii. Filho de pais cristãos, converteu-se a Cristo ainda na infância, quando passou a temer a Deus e a crer em Jesus como seu único e suficiente salvador pessoal. Nascido na antiga Capadócia, região que atualmente pertence à Turquia, Jorge mudou-se para a Palestina com sua mãe, após a morte de seu pai. Tendo ingressado para o serviço militar, distinguiu-se por sua inteligência, coragem, capacidade organizativa, força física e porte nobre. Foi promovido a capitão do exército romano devido a sua dedicação e habilidade. 

Tantas qualidades chamaram a atenção do próprio Imperador, que decidiu lhe conferir o título de Conde. Com a idade de 23 anos passou a residir na corte imperial em Roma, exercendo altas funções. Nessa mesma época, o Imperador Diocleciano traçou planos para exterminar os cristãos. No dia marcado para o senado confirmar o decreto imperial, Jorge levantou-se no meio da reunião declarando-se espantado com aquela decisão, e afirmou que os os ídolos adorados nos templos pagãos eram falsos deuses. Todos ficaram atônitos ao ouvirem estas palavras de um membro da suprema corte romana, defendendo com grande coragem sua fé em Jesus Cristo como Senhor e salvador dos homens.

Indagado por um cônsul sobre a origem desta ousadia, Jorge prontamente respondeu-lhe que era por causa da VERDADE. O tal cônsul, não satisfeito, quis saber: "O QUE É A VERDADE?". Jorge respondeu: "A verdade é meu Senhor Jesus Cristo, a quem vós perseguis, e eu sou servo de meu redentor Jesus Cristo, e nEle confiado me pus no meio de vós para dar testemunho da Verdade." Como Jorge mantinha-se fiel a Jesus, o Imperador tentou fazê-lo desistir da fé torturando-o de vários modos. E, após cada tortura, era levado perante o Imperador, que lhe perguntava se renegaria a Jesus para adorar os ídolos. Porém, este santo homem de DEUS jamais abriu mão de suas convicções e de seu amor ao SENHOR Jesus. Todas as vezes em que foi interrogado, sempre declarou-se servo do DEUS Vivo, mantendo seu firme posicionamento de somente a Ele temer e adorar.

Em seu coração, Jorge de Capadócia discernia claramente o própósito de tudo o que lhe ocorria: “... vos hão de prender e perseguir, entregando-vos às sinagogas e aos cárceres, e conduzindo-vos à presença de reis e governadores, por causa do meu nome. Isso vos acontecerá para que deis testemunho”. (Lucas 21.12:13 – Grifo nosso). A fé deste servo de DEUS era tamanha que muitas pessoas passaram a crer em Jesus e confessa-lo como SENHOR por intermédio da pregação do jovem soldado romano. Durante seu martírio, Jorge mostrou-se tão confiante em Cristo Jesus e na obra redentora da cruz, que a própria Imperatriz alcançou a Graça da salvação eterna, ao entregar sua vida ao SENHOR. Seu testemunho de fidelidade e amor a DEUS arrebatou uma geração de incrédulos e idólatras romanos.

Por fim, Diocleciano mandou degolar o jovem e fiel discípulo de Jesus, em 23 de abril de 303. Logo a devoção a “São” Jorge tornou-se popular. Celebrações e petições a imagens que o representavam se espalharam pelo Oriente e, depois das Cruzadas, tiveram grande entrada no Ocidente. Além disso, muitas lendas foram se somando a sua história, inclusive aquela que diz que ele enfrentou e amansou um dragão que atormentava uma cidade...

Em 494, a idolatria era tamanha que a Igreja Católica o canonizou, estabelecendo cultos e rituais a serem prestados em homenagem a sua memória. Assim, confirmou-se a adoração a Jorge, até hoje largamente difundida, inclusive em grandes centros urbanos, como a cidade do Rio de Janeiro, onde desde 2002 faz-se feriado municipal na data comemorativa de sua morte.

Jorge é cultuado através de imagens produzidas em esculturas, medalhas e cartazes, onde se vê um homem vestindo uma capa vermelha, montado sobre um cavalo branco, atacando um dragão com uma lança. E ironicamente, o que motivou o martírio deste homem foi justamente sua batalha contra a adoração a ídolos...

Apesar dos engano e da cegueria espiritual das gerações seguintes, o fato é que Jorge de Capadócia obteve um testemunho reto e santo, que causou impacto e ganhou muitas almas para o SENHOR. Por amor ao Evangelho, ele não se preocupou em preservar a sua própria vida; em seu íntimo, guardava a Palavra: “ ...Cristo será, tanto agora como sempre, engrandecido no meu corpo, seja pela vida, seja pela morte” (Filipenses 1.20). Deste modo, cumpriu integralmente o propósito eterno para o qual havia nascido: manifestou o caráter do SENHOR e atraiu homens e mulheres para Cristo, estendendo a salvação a muitos perdidos.

Se você é devoto deste celebrado mártir da fé cristã, faça como ele e atribua toda honra, glória e louvor exclusivamente a Jesus Cristo, por quem Jorge de Capadócia viveu e morreu. Para além das lendas que envolvem seu nome, o grande dragão combatido por ele foi a idolatria que infelizmente hoje impera em torno de seu nome.

segunda-feira, 16 de abril de 2012

A Futilidade das Riquezas

“Doce é o sono do trabalhador, quer coma pouco, quer muito; mas a fartura do rico não o deixa dormir. Grave mal vi debaixo do sol: as riquezas que seus donos guardam para o próprio dano. E, se tais riquezas se perdem por qualquer má aventura, ao filho que gerou nada lhe fica na mão”. Eclesiastes 5:12-14

Em sua mensagem de hoje o sábio começa mostrando o contraste entre o homem que trabalha para o seu sustento, e aquele que trabalha pela riqueza. Ao usar o sono como uma figura de linguagem, Salomão expressa a paz de espírito que o ser humano precisa ter em relação às coisas da vida. O importante não é a quantidade do ganho, mas sim o ganhar. Quer seja pouco ou muito, nossa preocupação deve ser trabalhar pelo ganho, e o resultado pertence a Deus. O mundo está cheio de pessoas com stress, depressão, e aflição, porque elas não conseguem ter sucesso com as riquezas. Infelizmente este quadro também tem se projetado no meio cristão, e a inquietação pelas coisas materiais tem levado muitos a fraquejarem na fé. Constantemente nós estamos fazendo uma associação do bem-estar da vida material, com a vida espiritual: se ganho pouco, Deus não está me abençoando, se outra pessoa ganha muito é porque Deus a está abençoando. As pessoas querem medir o êxito da vida cristã pelo resultado alcançado na vida material.

Deus nunca prometeu riquezas para Seus filhos. Se alguém acumulou riquezas ela vem de uma destas três fontes: ou a pessoa poderia ser um fiel mordomo para honra e glória do Senhor e assim Ele a abençoou, ou inimigo resolveu enriquecer alguém para cumprir seus propósitos, ou a própria pessoa, pelo dom divino, tem uma grande habilidade de administrar recursos. Em todos os três casos, o risco de perder as riquezas existe, é muito grande. Na altura de sua vida quando Salomão escreveu isso, ele já era um homem muito rico, e compreendeu a futilidade dos bens materiais. Foi por isso que ele escreveu que “doce é o sono do trabalhador que não está preocupado com as riquezas”.

Jesus tinha razão quando disse: “E ainda vos digo que é mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que entrar um rico no reino de Deus”. Mateus 19:24. Agulha era um pequeno portal que havia nos muros das cidades antigas, que mal dava para passar um homem curvado. Esse portal era usado para as pessoas entrarem na Cidade à noite quando o portão principal estava fechado. Sendo o camelo o maior animal dos tempos Bíblicos, era praticamente impossível ele passar pelo “olho da agulha” como era chamado esse pequeno portal.

Eu vejo três razões porque Salomão e Jesus estão corretos sobre as riquezas: (1) As riquezas encorajam uma falsa independência. Se uma pessoa é bem-provida de bens, ela é muito hábil em pensar que pode lidar com qualquer situação que pode surgir. Com certeza ela não vai sentir muita necessidade de Deus. (2) As riquezas algemam a pessoa nesta terra. “Porque, onde está o teu tesouro,” disse o Jesus, “aí também estará o teu coração.” Mateus 6:21. Se tudo que a pessoa deseja (materialmente falando) ela consegue neste mundo, todos os seus interesses estarão aqui, e ela nunca vai pensar no mundo porvir . (3) As riquezas tendem a fazer a pessoa egoísta. Porém, quanto mais ela tem, mais ela vai querer. Além disso, uma vez que já se possuiu o conforto e o luxo, ela sempre tende a temer o dia quando ela vier a perder tudo, a vida se torna uma estrénua e preocupante luta para reter as coisas que tem. O resultado é que quando um homem fica rico, ao invés de ter o impulso para doar um pouco dos seus bens, ele tem a tendência de retê-las para si próprio.

Que nesta semana, Deus abra a nossa visão para as riquezas celestiais. Estas, não são riquezas passageiras, mas perduram para sempre!


domingo, 8 de abril de 2012

VERDADES E MITOS SOBRE A PÁSCOA

Por Augustus Nicodemus Lopes
Nesta época do ano celebra-se a Páscoa em toda a cristandade, ocasião que só perde em popularidade para o Natal. Apesar disto, há muitas concepções errôneas e equivocadas sobre a data.
A Páscoa é uma festa judaica. Seu nome, “páscoa”, vem da palavra hebraica pessach que significa “passar por cima”, uma referência ao episódio da Décima Praga narrado no Antigo Testamento quando o anjo da morte “passou por cima” das casas dos judeus no Egito e não entrou em nenhuma delas para matar os primogênitos. A razão foi que os israelitas haviam sacrificado um cordeiro, por ordem de Moisés, e espargido o sangue dele nos umbrais e soleiras das portas. Ao ver o sangue, o anjo da morte “passou” aquela casa. Naquela mesma noite os judeus saíram livres do Egito, após mais de 400 anos de escravidão. Moisés então instituiu a festa da “páscoa” como memorial do evento. Nesta festa, que tornou-se a mais importante festa anual dos judeus, sacrificava-se um cordeiro que era comido com ervas amargas e pães sem fermento.
Jesus Cristo foi traído, preso e morto durante a celebração de uma delas em Jerusalém. Sua ressurreição ocorreu no domingo de manhã cedo, após o sábado pascoal. Como sua morte quase que certamente aconteceu na sexta-feira (há quem defenda a quarta-feira), a “sexta da paixão” entrou no calendário litúrgico cristão durante a idade média como dia santo.
Na quinta-feira à noite, antes de ser traído, enquanto Jesus, como todos os demais judeus, comia o cordeiro pascoal com seus discípulos em Jerusalém, determinou que os discípulos passassem a comer, não mais a páscoa, mas a comer pão e tomar vinho em memória dele. Estes elementos simbolizavam seu corpo e seu sangue que seriam dados pelos pecados de muitos – uma referência antecipada à sua morte na cruz.
Portanto, cristãos não celebram a páscoa, que é uma festa judaica. Para nós, era simbólica do sacrifício de Jesus, o cordeiro de Deus, cujo sangue impede que o anjo da morte nos destrua eternamente. Os cristãos comem pão e bebem vinho em memória de Cristo, e isto não somente nesta época do ano, mas durante o ano todo.
A Páscoa, também, não é dia santo para nós. Para os cristãos há apenas um dia que poderia ser chamado de santo – o domingo, pois foi num domingo que Jesus ressuscitou de entre os mortos. O foco dos eventos acontecidos com Jesus durante a semana da Páscoa em Jerusalém é sua ressurreição no domingo de manhã. Se ele não tivesse ressuscitado sua morte teria sido em vão. Seu resgate de entre os mortos comprova que Ele era o Filho de Deus e que sua morte tem poder para perdoar os pecados dos que nele creem.
Por fim, coelhos, ovos e outros apetrechos populares foram acrescentados ao evento da Páscoa pela crendice e superstição populares. Nada têm a ver com o significado da Páscoa judaica e nem da ceia do Senhor celebrada pelos cristãos.
Em termos práticos, os cristãos podem tomar as seguintes atitudes para com as celebrações da Páscoa tão populares em nosso país: (1) rejeitá-las completamente, por causa dos erros, equívocos, superstições e mercantilismo que contaminaram a ocasião; (2) aceitá-las normalmente como parte da cultura brasileira; (3) usar a ocasião para redimir o verdadeiro sentido da Páscoa.
Eu opto por esta última.