Portanto seres pensantes questionam e muito! Como os nossos irmãos de Beréia. Seria isso apavorante? Não, nem um pouco. Penso...logo existo! Para Descartes pensar é sinal de existência, no evangelho de hoje, quem pensa não consegue subsistir. "Penso, logo existo" (Descartes) "Não pense, faça o que eu digo" (Alto Clero Evangélico)

sexta-feira, 25 de março de 2011

"Helligião"


É engraçado ver como antigamente a religião/religiosidade/religiosos faziam besteiras e acreditavam em coisas que mais pareciam com superstições e manias vazias do que qualquer outra coisa. É realmente engraçado pensar em certos costumes e raciocínios usados burramente, e achar que isso seria a solução e o caminho mais sincero para conhecer Deus melhor.
Mas eu andei pensando bastante sobre isso nos últimos tempos. Em como a religiosidade não é mais a saia no pé, o hinário na mão, o jeito de falar e de orar, a coisa cafona, a roupa feia e aquela sensação estranha que todo mundo já teve ao concluir internamente: “puts, eu sou crente e agora vou ter que andar com esses caras!”.
Na verdade, a Religiosidade deixou de ser isso, e se você quer saber, todos esses exemplos foram apenas tentativas “lights” da religiosidade fazer alguma coisa na vida das pessoas. A religiosidade, como deve ser conhecida nua e crua, diante de anjos e demônio e sei lá mais o que, é uma coisa muito mais profunda do que hábitos, casca, estática. A religiosidade tá aí única e exclusivamente para fazer você se esquecer de quem você é, de quem você pode ser em Deus, de quem Deus pode ser em você, e o que isso pode significar para os outros.
Em outras palavras: A religiosidade não quer que você seja você mesmo, mas você só consegue entender isso quando cai a ficha de que “ser você mesmo” é muito mais do que fazer o que você tem vontade.
Sabe, se você pensar em pequenos atos, detalhes corriqueiros, é como se Deus estivesse numa boa. Pronto pra te ajudar e querendo te falar coisas novas. Mas aí, só o fato de você não se abrir para isso, faz você perder a chance de viver plenamente. Sabe o que isso significa? Que você não está sendo quem você deveria ser, não está usando sua real capacidade como ser humano, e se você não está sendo você, sinto dizer, mas se você não está sendo você, na plenitude, então você está sendo um religioso! Talvez não nas roupas, mas na disposição. Talvez não nas palavras, mas na intenção, nas suas histórias, nas suas atitudes.
Uau! Mas como assim?
Pois é. Já foi o tempo em que ser religioso era proibir ou não ter tatuagens. Agora a religiosidade é moderninha, sabia? Usa até piercing, tem banda de rock, se depilou e é super antenada a tudo! Ela sabe falar em línguas, ela sabe todas as músicas, ela até fala de Deus num tom bacaninha, mas sabe de uma coisa? Ela nunca se derramou em Deus. Ela nunca se jogou sem medo. Ela nunca chorou. Ela nunca disse “Deus, melhor você me mudar nisso e naquilo porque desse jeito eu não te agrado”. A religiosidade é a nova distração dos menos atentos. Dos que preferem comodismo ao inconformismo. Dos que preferem manias às mudanças. Dos que preferam a dor ao Deus que entende de dores.
As vezes nos acostumamos com aquele velho conceito de religiosidade porque pode parecer mais simples enxergar assim, né? Seria fácil demais achar que ela não está dentro de nós. Achar que essa atrevida é apenas uma má interpretação das coisas. Mas os dias são maus, e os seus inimigos querem que você se afaste de Deus a qualquer custo. Para isso eles otimizaram os serviços, modernizaram tudo. Eles vão falar a sua língua para afastar você da única coisa que eles não conhecem: o amor.
A religiosidade não conhece o amor porque é só assim que você se aproxima de Deus. Por amor você deixa Ele te moldar, por amor você não precisa ser a pessoa mais incrível do século, por amor você se doa, se derrama, se entrega, fala, muda, paga o preço para ser melhor, renova suas forças, acredita e entende que ser você, é acima de tudo, ser o que Deus quer que você seja.
Os religiosos gostam de escrever seus próprios roteiros. Suas reações não são novidade, ainda que a cultura, os modos e as modas mudem. Mas que hoje, você beba o antídoto, que é o amor. Que hoje você perca sua educação besta e a sua religiosidade, e invada a presença de Deus com coisas improváveis, que estejam fora desse script sem graça. Pode ser um choro, pode ser uma reclamação, pode ser um silêncio, pode ser qualquer coisa que sinalize seu interesse em Deus. O real interesse, não esse interesse superficial de uma pessoa que ora em troca de favores divinos.
Derrame-se em Deus. Na alegria, no perdão, no recomeço, na esperança de dias melhores, nas curas, nas palavras, no “Face to face”, no privilégio de conhecer esse caminho, nas dores, nos medos. Você foi criado para isso, e esse é o único jeito de tornar-se irreconhecível aos olhos da religiosidade.
Luciana Elaiuy

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